quarta-feira, janeiro 16



MÁSCARAS E SERVIÇO PÚBLICO
Vasco Graça Moura

escritor




Palavra de honra que eu não fazia tenções de, tão cedo, voltar a falar da ASAE. Mas as notícias emocionantes do último fim-de-semana funcionaram como catalisador e espevitaram brilhantemente o meu zelo cívico.

Já aqui há tempos o respeitável inspector-geral da ASAE tinha dito, no Expresso da Meia -Noite, que alguns agentes do seu serviço surgem de carapuça nas feiras porque poderia ser desagradável para eles, que por vezes são vizinhos de gente ligada aos feirantes, serem reconhecidos na vida de todos os dias.

Esta forma de assegurar um bom ambiente convivial de vizinhança e a informação sobre o treino do pessoal da ASAE com serviços secretos e polícias estrangeiras é que produziram em mim o déclic triunfal. Eis a solução para muitos problemas!

Pensei logo nos professores. Se receberem treino de manejo de armas e de explosivos, operações de comandos, pantominas de assalto e circulação de capuz negro, não apenas ficam ao abrigo da deterioração eventual das suas relações de vizinhança e proximidade, como podem cumprir muito mais eficaz e corajosamente a sua insubstituível missão.

Os professores têm sido vítimas das mais inqualificáveis violências, quer da parte de alunos, quer da parte dos pais deles. Pois bem, se tiverem preparação militar, aprenderem a manejar uma pistola de guerra ou uma bazuca e se apresentarem nas escolas de cabeça coberta e com uniforme acolchoado correspondente, as vantagens saltam aos olhos:

Primeiro, sentirão as orelhas e o nariz muito mais agasalhados, o que não é despiciendo atentas as inóspitas condições de alguns estabelecimentos de ensino.
Segundo, não podem ser reconhecidos, o que facilita as substituições, por exemplo, quando o professor de Matemática falta e a aula de Matemática é dada pelo de Educação Física, com óbvia solução de muitos problemas de gestão de pessoal. Sem contar que ficam ao abrigo das agressões intempestivas dos encarregados da educação. Quando um aluno é castigado, tem más notas ou chumba sem apelo nem agravo, como é que eles vão saber de que professor se trata? Como é que hão-de ir à escola tirar-lhe satisfações, insultá-lo, partir-lhe a cara, ou mesmo fazer-lhe uma espera traiçoeira, pelo lusco-fusco, à porta de casa?
Terceiro, com esse musculado adestramento, os professores podem manter o respeito e a disciplina muito mais facilmente. Não só pela razão saudável de que os alunos ficarão deveras acagaçados ante uma figura mascarada que lhes explica que não foi o Marquês de Pombal quem descobriu o caminho marítimo para a Índia ou tenta dar-lhes a perceber que o nome predicativo do sujeito não é um disjuntor, mas ainda porque é muito mais difícil, se não de todo impossível, ajustarem contas com o docente cá fora.

E, quanto aos incidentes ocorridos no próprio espaço da aula, os resultados serão igualmente positivos: se o menino Zacarias tentar agredi-lo, ou se o menino Eleutério se lembrar de dar cabo da carteira ou do computador, ou ainda se se puser a tirar macacos do nariz e a beliscar o rabo do menino Teodoro até espirrar sangue, o professor, convertido em atirador especial, pode puxar da Parabellum e acertar na cabeça do menino Zacarias ou do menino Eleutério sem correr o risco de atingir o inocente menino Teodoro ou a omoplata frágil da menina Cátia Vanessa.

Depois de duas ou três cenas deste género, não pode haver quaisquer dúvidas de que o aproveitamento escolar melhorará exponencialmente e de que todos os professores, mesmo os que prestam serviço nas escolas mais problemáticas, podem viver descansados e sentir-se plenamente realizados na carreira que escolheram.

O mesmo princípio pode ser adoptado noutros serviços de interesse público. Ocorrem-me os revisores da Linha de Sintra, os condutores dos autocarros nocturnos e muitos outros.

Tudo o que é preciso é que passe a haver regulamentos que tornem isto possível. Depois, não terão sido os professores quem fez os regulamentos, tal como acontece com a ASAE que se limita a cumpri-los.
E finalmente viveremos numa democracia digna desse nome e da actuação mascarada de quantos lhe prestam serviço.


terça-feira, janeiro 15




when the routine bites hard

and ambitions are low

and the resentment rides high

but emotions wont grow

and were changing our ways,

taking different roads

then love, love will tear us apart again







jan voss







Ká Wamos Yndo


galeria antónio prates de 25 janeiro a 25 de fevereiro




quinta-feira, janeiro 10





16!
quase pronto para voar
se consegues manter a calma quando à tua volta todos a perdem e te culpam por isso.
se consegues ter confiança em ti quando todos duvidam de ti e aceitas as suas dúvidas
se consegues esperar sem te cansares por esperar ou caluniado não responderes com calúnias ou odiado não dares espaço ao ódios em porém te fazeres demasiado bom ou falares cheio de conhecimentos
Se consegues sonhar sem fazeres dos sonhos teus mestres
se consegues pensar sem fazeres dos pensamentos teus objectivos
se consegues encontrar-te com o Triunfo e a Derrota e tratares esses dois impostores do mesmo modo....
se consegues preencher cada minuto dando valor a todos os segundos que passam
sua é a Terra e tudo o que nela existe e mais ainda, tu serás um Homem, meu filho

domingo, janeiro 6




luís pacheco - lisboa, 1925 - montijo - 2008














excêntrico. irreverente. Comparado, "dali e sex pistols" são meninos de coro"
.









excerto do documentário na rtp2, em agosto de 2007. tradução do "dicionário filosófico de voltaire". genial.








sexta-feira, janeiro 4








na verdade, o que une a obra de Rita a determinados períodos de um século de tradição pictórica (e em especial a épocas que procuraram revolucionar e romper com o estabelecido, provocando uma onda de escândalos) é a sua faceta primitivista, ou seja, o lado essencial, espontâneo, universal, ecuménico...

Fernando Martin Galán



quinta-feira, janeiro 3







show me how you do that trick
the one that makes me laugh
and i'll run away with you